Nada se compara a ti, meu amor
Nada que eu procure te substitui
Neste conflito de estátuas presente
Estonteante e vexado
Ninguém me seca os olhos aguados
Por mais tempo que a solidão de uma fala
Nada se passa no horizonte
Essa cortina desbotada e serena
Que chama a noite e esconde o Sol
Nada se compara a ti
Nesta beira do paraíso dos tormentos
Das lamúrias, dos répteis andróginos labutando
Por um castigo socialmente compensador
Fico no escuro da noite a olhar
E nada me serve, já nada me serve
Ou apazigua, persistem as crenças, sim
O conhecimento das causas, do princípio
Mas a angústia floresce
Neste desenraizamento que opera
No equilíbrio justificado
E, às vezes, mesmo aí
Mergulho na angústia de parte nenhuma
A nau das descobertas está a passar por aqui
Tu não chegas e eu perco-me voluntário à procura
Recomeço na impossível procura
Por estes dias um exercício estafado
Risível e desgraçado, plenamente falhado
A fogueira onde me encanto
É uma estranha fogueira de quente gelado
Pálidos olhos parados, confiarás em mim?
Nada se compara a ti, nada
No reflexo glauco das águas
Nada se compara a ti