Soprou Olorum, África Sagrada
Brota do barro, da folha encantada
Epá babá, luz de Ifá
Exu risca o chão, vai começar
Xirê de Orixá
Sob o céu de anil
É força de Ogum
As águas, Odoya
Rompendo barreiras o vento de lá
Tambor que ecoa da mata
Na gira do tempo o sagrado ensinou
Que o povo não se curvou
Ê kalunga, ê! Kalunga!
Lágrima no cais, filho não volta mais
Acorrentado, o negro bradou
No quilombo Caixa D'água, liberdade cantou
Senzala e açoite não calaram nossa fé
Opressão não arranca a coragem da alma
Plantou liberdade, colheu rebeldia
Desafiou tiranias!
Benguela é liberto
Tereza reluz
Seu nome é verso
Sem mordaças, sem cruz
Ninguém cala sua voz
Resistência é você mulher
Emana o seu axé
O meu coração é verde e branco
Ser Bom das Bocas orgulho maior
Comunidade, de alma lavada
A nossa paixão é coisa tão rara!