Quem foi criado pachola
Trazendo entono de taíta
Dá a vida pelo cambicho
E a alma pela uma gaita
Quebrei o cacho do mouro, calcei botas e esporas
Pra sair no fim da tarde e voltar na luz da aurora
Pois não vê que tresontonte na estância findou a esquila
E eu me largo pra farra disposto a gastar uns pilas
Me assuntaram de um surungo, que coxila as querendona
Ainda mais pra um candongueiro de alma leve e gaviona
Nas bailantas que me achego do lhe pata a noite inteira
E de lambuja ainda apartou a crinuda mais faceira
Me gusta um gole de pura pra tirar a poeira da goela
Fazer promessas de amor se for lindaça a donzela
Mas não penso em me arranchar, tenho o mundo por escola
Nele, então, descobri porque me chamam pachola!
Frequento estas pulperias e os bailes de candeeiro
Onde um olhar de atravessado pro reboliço é um tempero
Quem me chama pra peleia até me faz um regalo
Pois onde arrasto as chilenas sou eu quem canto de galo
Assim vou levando a vida no meu destino monarca
Por ser taura e querendão formado em lida e fuzarca
Na estrada tenho o tajã pra me encantar com o gorjeio
E nos bailes a cordeona que me aguça num floreio