Meu bem, eu queria
Que você voltasse ao menos pra buscar
Alguns objetos, que na despedida
Você não levou
Um batom usado
Caído no canto da penteadeira
Um vestido velho cheio de poeira
Jogado no quarto com marcas de amor
Vestido de seda
O seu manequim também te deixou
Aí no cantinho não tem mais valor
Se não tem aquela que tanto te usou
Eu também não passo de um trapo humano
Sem minha querida
Usado e jogado num canto da vida
Não sei o que faço sem meu grande amor
Eu já nem acendo a luz do meu quarto
Quando vou deitar
Porque no escuro não vejo no espelho
Meus olhos chorando
Não vou na cozinha
Pra não ver dois copos vazios na mesa
Fazendo lembrar com tanta tristeza
A última noite que nós nos amamos
Vestido de seda
O seu manequim também te deixou
Aí no cantinho não tem mais valor
Se não tem aquela que tanto te usou
Eu também não passo de um trapo humano
Sem minha querida
Usado e jogado num canto da vida
Não sei o que faço sem meu grande amor
Querida, nós nos enganamos com nossos sentimentos
Nem eu, nem você conseguiu cumprir o juramento
Num gesto apressado você com alguém se casou
Eu pra vingar também fiz um falso casamento
Agora amar em segredo é uma traição
Não deixe seu homem saber da nossa paixão
E quando ele for te abraçar na hora do amor
Finja que está feliz, não deixe ele perceber
Que ao invés de prazer você sente pavor
E quando no rádio tocar a nossa canção
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me aconteceu
Se ele estiver por perto e você sentir medo
Esconda no quarto e chore seu pranto sentido
Depois, disfarçando, abrace seu marido
Não deixe que os olhos contem seu segredo
Amor, a vida é desse jeito
Teremos que ocultar no peito
A nossa paixão proibida
Amor, estamos condenados
A amar separados pro resto da vida
Quando há muitos anos
Fui aprisionado nesta cela fria
Do segundo andar da penitenciária
Lá na rua eu via
Quando um jardineiro plantava um ipê
E ao correr dos dias
Ele foi crescendo e ganhando vida
Enquanto eu sofria
Meu ipê florido
Junto a minha cela
Hoje tem a altura
De minha janela
Só uma diferença há entre nós agora
Aqui dentro as noites
Não tem mais aurora
Quanta claridade tem você lá fora
Vejo em seu tronco
Cipó parasita te abraçando forte
Enquanto te abraça, suga a tua seiva
Te levando a morte
Assim foi comigo
Ela me abraçava, depois me traía
Por isso a matei
E agora só tenho sua companhia
Meu ipê florido
Junto a minha cela
Hoje tem a altura
De minha janela
Só uma diferença há entre nós agora
Aqui dentro as noites
Não tem mais aurora
Quanta claridade tem você lá fora