Não domo potro senhores
(Peço que entendam o que falo)
Domo meus próprios amores
Para eles não me calo
Estendo a palavra no canto
Domador do meu pranto
Pois o verso é meu cavalo
Não domo potro senhores
Nunca lidei com a potrada
Não galopo em corredores
(Levando o pó das estradas)
Nunca encilhei redomão
Nem sustentei no tirão
Os potros de boca atada
Eu apenas domo as dores
Dos meus romances vividos
Domo sim, meus senhores
Meu verso potro sentido
(Meu poema de bridão)
Galopa por redomão
No coração estendido
Domo a dor dos meus amores
(Sem andar de boca atada)
Domador, sim meus senhores
Das noites enluaradas
Da palavra fiz meu canto
Curando as dores do pranto
Nos romances das estradas
Vou domando meus amores
Sem saber ser domador
Quem amansa desamores
Por certo já doma a dor
Eu encilho meus encantos
Pra galopar noutro canto
Meu potro manso de amor
Depois do verso domado
No corredor estendido
O coração estradeado
D’algum poema perdido
(Eu retorno cantador)
Para encilhar o amor
No meu romance sentido
Eu domo amores senhores
(Romance estes que falo)
Amanso meus desamores
Meu canto potro, não calo
Galopando o amor no canto
Domo a dor do meu pranto
Meu verso bem a cavalo