Meu rei, o tigre me chamou
Muito prazer, Dona Fulô
No tabuleiro da baiana tem
Em contas vibram rituais
Vou te contar de onde vem
É ganho de preta pra se libertar
Os brincos, anéis e pulseiras
Me adornam, contornam
Se faz candeeiro
É negro o fim do açoite, lá se vai o cativeiro
Meu destino alumiou, o pescoço é um altar
Amuleto Salvador, na argola
Elegância de mulher, que me trança em tua fé
Sou da mina de Benin, do Congo e Angola
Tem ouro, prata e turbantes de algodão
Frutas da estação, rosas tão coloridas
Nesse gingado carregado de axé
Descendo o Pelô, têm pescado e acarajé
O amor, fundamento que o seio alimentou
Exemplo que Ciata inspirou
Liberdade, igualdade, pois todo imperiano é assim
É resistência, que renasce em mim
Bate tambor, o Império mandou me chamar
Nos balangandãs de ioiô e iaiá
Lá vem Casa Verde quebrando correntes
Abre a roda, o samba já vai começar