Eu era só um sopro, uma luz no escuro
Um verso nascido num ventre tão puro
Não tinha voz, mas já sonhava
Com braços que um dia eu chamaria de casa
Tantas promessas no céu da esperança
Mas o mundo me negou a infância
Meu nome jamais será chamado
Sou silêncio num tempo apagado
Meu choro perdido, meu nome sem voz
Fui promessa de amor, que terminou a só
Não tive a chance de ver o sol brilhar
Fui só uma estrela a se apagar
Fui vida no ventre, mas não pude existir
Um sonho que morre sem poder evoluir
Sou criança sem tempo, flor sem raiz
Um anjo silenciado antes de ser feliz
Dizem que é escolha, que é liberdade
Mas o que há de livre em matar sem piedade?
Eu era verdade em forma de ser
Mas ninguém quis me ver crescer
Quantas almas são caladas por medo?
Quantos berços vazios, quanta dor em segredo
Quem fala por nós, os pequenos calados?
Somos ecos num mundo de olhos fechados