A ponte Rio-Niterói engarrafou
Dizem que até Dom Pedro II
Já pensava em fazer o tal metrô
Subaquático, num exercício historiográfico do sono
Do sonho de um dia ser mais que pontual
Como a orda de pessoas que vão a pé
Resgolegadas, saltando dos ônibus
Com semblantes de tempo findo
Como uma procissão que se dispersa
Quando chega na Alameda São Boaventura
À maneira da física
Como um horizontes de eventos
De um buraco negro
Espíritos circunspectos
Anti-magnéticos
Que tentam atravessar a Baía de Guanabara
Em pensamentos que boiam
Alguém aproveita para colocar um louvor no celular
E de súbito, o trânsito flui
A conclusão é que Deus abre caminhos
Tudo o que é bom é de Deus e o que não é
É só culpa nossa mesmo
Ou quem sabe do satã, do Lula, do azar
Do bolsa família, ou até mesmo do Paulo Freire
E o mar profundo de pensamentos engole o ônibus
Quem ficou está aliviado que o engarrafamento acabou
E que não teve que descer pra ir de barcas
E as sirenes dos bombeiros nos cortam
Avisando que o acidente foi feio
Mas Deus foi bom e nos liberou
Pra chegar na hora no trabalho